"Os humoristas são um alvo fácil de crítica"
"Sei que se fizer alguma piada que passe do que é socialmente aceite, vou pagar o preço por ela". A frase é de Herman José, que admitiu fazer uma autocensura no momento de fazer rir durante o debate "Limites do Humor", promovido pela Notícias TV e realizado ontem na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, do Instituto Politécnico de Tomar.
A ele juntaram-se Nilton e Rui Sinel de Cordes, numa conversa descontraída, moderada por Nuno Azinheira, diretor da revista de TV do Diário de Notícias e Jornal de Notícias, e que durou cerca de duas horas. Como já era de esperar, não faltaram muitas brincadeiras e gargalhadas à mistura.
No mês em que se comemora a liberdade, estes humoristas são os primeiros a chegar-se à frente e a admitir que nem sempre podem brincar com o que lhes apetece.
"Para mim não há limites ao humor, mas claro que sei que não posso dizer tudo o que me apetece se estiver num programa de televisão. E acho que ninguém deve assumir um estatuto moral superior de algo que não lhe diz respeito. Por exemplo, em Portugal não se pode rir de uma velha chamada Eunice Muñoz. Porque é que podemos fazer um sketch de humor com Jesus Cristo e não com a Eunice Muñoz? Isso é ridículo", frisa Rui Sinel de Cordes.
Nilton admite que "os humoristas são um alvo fácil de crítica", principalmente porque as piadas são de leitura rápida. "Adorava que as pessoas tivessem que ler um calhamaço nosso para poderem criticar. Porque é que não se critica Saramago com tanta frequência? Porque para isso tinha que se ler uma obra inteira dele", explica.